quarta-feira, setembro 20, 2006

as particularidades do Rio versus as minhas próprias particularidades

As cenas não me saem da cabeça, e por vezes, doi, e por vezes eu ainda penso que era melhor voltar ou avançar, ou mudar novamente de cidade,
creio enfim que quem deva mudar seja eu e não mais as cidades, ainda que a minha angústica pessoal não tenha fim, a minha inquietudade continue, e eu por vezes também me perca em milhares de pensamentos absortos,
a não aceitação das situações e dos fatos e das relações - mas principalmente das situações e das relações - que eu tenho para com o mundo me afasta do mundo, e conseqüentemente me atrapalha, me retira a vida, não me deixa viver,
descobri que o que talvez - digo, talvez - torne o Rio tão singular é o jeito das pessoas daqui misturado nas situações, é a mistura do caos, das desgraças e da pobreza - muita pobreza - com a riqueza, com o dinheiro e com os donos do poder,
não é a bela geografia, nem as praias, nem a paisagem, é o jeito, o tão jeito do carioca,
acho que eles se entregam mais para a vida porque já nasceram não tendo escolhas e acabam por fazer qq coisa para viver, e, uns acabam na malandragem e outros na pilantragem, mas todos, sem excessão, ficam a mercê de uma sorte só, nisto há democracia, a tal sorte só,
Se é questão de sorte, então não adianta lutar porque não haverá um retorno, e se não haverá um retorno, então é melhor esquecer tudo, e se é para esquecer, então que se "curta" o pouco ou muito ou qq coisa que se tenha, aí figura a entrega,
acho que é exatamente isso - a entrega - que a gente tem dificuldade de entender porque é diferente mesmo, é muito louco, é naturalizado, é crú, é destituído, é desnudo,


estou tento uma resistência tamanha para com as coisas do Rio, estou lutando para não resistir tanto, mas vcs sabem como eu sou, como sou teimosa, sei que é uma palhaçada, mas tá acontecendo mesmo, estou tento muita resistência,
Preciso urgentemente solucionar isso, preciso parar de reclamar porque acho que as coisas estou melhores, ao menos defini, se não for legal, nãoj quero, hoje já não quero mais, e eu quis tanto, tanto, tanto, que acho que meio que perdeu a graça,


Cenas:
É abominável como nosso país consegue descartar os seus próprios cidadãos, é aboninável como o mundo digere os seres humanos, e ver a discriminação e o abuso de poder a lastro é coisa estarrecedora,
Lembram da foto do menininho negro e do abutre, aquela dos prêmios, que o fotágrafo se matou depois, de tanto sofrer??????????
pois é, pensei nisso dia desses ao ver muitos negros e uma cena de miséria e somente um branco e rico no meio, mas o pior não é cena em si, é a naturalização da cena por ambas partes, tanto quem domina quanto quem é dominado acha a situação muito natural.


Ainda tenho medo, mas preciso ao menos disfarçar, ainda está difícil,