quarta-feira, agosto 02, 2006

entregue?

Sei que não sou de ferro, sei que não detenho o controle, mas, particularmente, detesto,

Simplesmente detesto, a sensação de estar nas mãos dos outros, de precisar - ou de sentir que preciso - de alguma proteção ou segurança, essa sensação me é apavorante, não gosto - literalmente - de sentir que estou a mercê.
Ando descobrindo que "todos" sempre estamos a mercê e temos de aprender a lidar com isso, acho que o tal de "lidar" é que é complicado, é a fatal ansiedade, que tanto me repugna.
Dois meses de Rio, aprendi - na marra - que o que eu quero simplesmente não existe não existe em qualquer lugar existente do mundo e eu tenho que aprender a lidar com isso, acho que o professor Lisandro estava corretíssimo, eu devo ir fazer análise, assim que o dinheiro der, o farem, com certeza.
O complicado é "curtir" em meio ao caos, não consigo,
Deveria conseguir, mas me é inacessível, inviável, incompreensível,
(...) me acho velha para ainda ter crises existenciais destes modos, só que fazer ?
O fato é assumir se eu realmente acredito nas coisas que eu digo - repito - que acredito, se eu me forço a acreditar porque não tenho as coisas que o mundo proporciona a outrens, se eu quero acreditar por simples glamour narcizista de pseudo-intelectual, se eu preciso acreditar para continuar vivendo, ou se somente me martirizom isso porque preciso de uma certa dose cotidiana de dor pra continuar - acho que preciso, sei lá - escrevendo o que gosto de escrever, mantendo o meu estilo próprio de cuidar do meu texto. A mamãe sempre dizia que eu não precisava sofrer tanto, que eu não precisar fazer loucuras nem pra mais nem pra menos, nem me abster de coisas simples e prazerosas por medo da minha escrita desaparecer no meu sono, assim como de repente, sem avisar, tenho um profundo medo disso,
Acho que de todos - todos - os meus mais suaves e convenientes medos, esse é o mal que me afeta, que me cerca, por ele, para me livrar dele, faço - absolutamente - qualquer negócio, lícito ou não, vício ou não, paixão ou não, doença ou não, fuga ou não, coerência ou não (...).
Tenho medo de repente descobrir que daqui há 50 anos não gosto de nada que escrevo, e ter passado a vida procurando massacrar meu texto, como um exercício diário ineficaz, se o grande fato apenas seria - para o meu texto, e somente, quase que exclusivamente pra ele - simplesmente fluir muito mais, ficar muito mais a mercê, a deriva, a solta, entregue (...).