quarta-feira, julho 26, 2006

Queria ser de azul

Busco o azul, anseio pelo azul, mas a minha normatização particular não me permite, porque se hoje me sinto branca, de um branco doentio e melancólico - que sangra na ponta dos pés, que retira todo o sangue do meu corpo pelos poros dos meus pés - se hoje sou branca de um gelo morto e meio absorto - não sei ser azul.
Cada vez que penso no azul do céu e apaixonado pelo azul do mar daqui, vejo o lindo que é o azul, de uma espécie de entrega, de liberdade absoluta - se é que isso possa existir neste planeta - mas, o fato concreto: o vermelho persegue o meu coração como um lobo faminto e louco pq sou inteiramente passional, ainda que por vezes eu vá escondendo meus próprios pensamentos até de mim mesma,
Então, fico entre o vermelho absoluto e o branco impositor, mas eu queria mesmoo era ser inteira azul.
Acho que tenho de tirar o branco ou ao menos minimizar o branco existente,
preciso faze-lo, mas não sei como,
Imagino o meu corpo sugado por todo azul do céu daqui, engolido pelo azul do mar daqui, correndo entre as inconstantes e inexplicáveis ruas do Centro com esses prédios que parecem masmorras antigas e que exercem sobre a minha imaginação um fascínio de descobrir todas as histórias das pessoas que por vezes ali moraram e que já estão nas outras encarnações, mas assim mesmo imagino pq gosto,
Se - quando posso - minha cabeça voa entre tudo quanto é pensamentto aburdo vou saindo do Centro e descendo as ruas, meu corpo - vermelho e branco, e não azul - passea - sem ser visto - por entre as ruas contrárias as ruas da zona Sul do Rio. É algo de - e não ao - de, de encontro com as minhas ambições particulares, todavia inevitável, vou somente deixando, é mansinho.
Mas, ah, como eu queria ser de azul, é agora não queria ser somente azul, queria sinceramente ser de azul